JACI... (do tupi Ya-cy ou Ia-cy, mãe dos vegetais), na mitologia tupi é a deusa Lua, protetora das plantas, dos amantes e da reprodução.
Segundo a tradição, Guaraci, o deus do Sol um dia cansou-se de seu ofício eterno e precisou dormir. Quando fechou os olhos o mundo caiu em trevas. Para iluminar a escuridão enquanto dormia, Tupã criou Jaci, a lua, uma deusa tão bonita que ao Guaraci despertar por sua luz, apaixonou-se por ela.
E assim encantado, voltou a dormir para que pudesse vê-la novamente, mas quando o sol abria os olhos para admirar a lua, tudo se iluminava e ela ia deitar-se, cumprindo sua missão.
Guaraci pediu então que Tupã criasse Rudá, o amor e seu mensageiro. O amor não conhecia luz ou escuridão, podendo uni-los na alvorada.
Mitologicamente, Jaci é identificada com Diana dos romanos, Xochiquetzal dos Astecas, Chandra dos hindus e Ísis dos antigos .
Na teogonia ou estudos do nascimento dos Deuses Tupis, Jaci era considerada a Deusa Lua, irmã e também esposa do Sol (Coaraci ou Guaraci). Era a Rainha da fauna e mãe de todos os vegetais. Quando a lua era cheia, ela se chamava Iaci Icaua e quando era lua nova a chamavam de Iaci Oiumunhã.
Sobre o comando de Jaci, divindade superior, havia cinco encantados da floresta: o Saci-Pererê que poderia se transformar no Mati-Taperê, que era uma ave misteriosa aos quais os índios temiam, o Boitatá que é o elemental do fogo, o Ourautáo que é a coruja da noite, a Curupíra que é o guardião do bosque, Iára que é a sereia e a Boiouna que é a serpente guardiã dos rios. Os índios faziam a esta deusa uma grande festa, com comida e bebida, cantos e danças.
HOMEM ou MULHER?
Apesar de vários folcloristas considerarem Jaci uma irmã e esposa de Guaraci, uma lenda muito difundida lhe dá um outro papel:
Jaci de quando em quando descia à Terra para buscar alguma bela virgem e transformá-la em estrela do céu para lhe fazer companhia. Ouvindo aquilo, uma bela índia chamada Naiá quis se tornar estrela para brilhar ao lado de Jaci.
Durante o dia, bravos guerreiros tentavam cortejar Naiá , mas era tudo em vão, pois ela recusava todos os convites de casamento. E mal podia esperar a noite chegar quando saía para admirar Jaci, que parecia ignorar a pobre Naiá.
Esperava sua subida e descida no horizonte e já quase de manhãzinha saia correndo em sentido oposto ao Sol para tentar alcançar a Lua. Corria e corria até cair de cansaço no meio da mata. Noite após noite, a tentativa de Naiá se repetia, até que adoeceu. De tanto ser ignorada por Jaci, a moça começou a definhar.
A LENDA DA VITÓRIA-RÉGIA
Mesmo doente, não havia uma noite que não fugisse para ir em busca da Lua. Numa dessas vezes, a índia caiu cansada à beira de um Igarapé.
Quando acordou, teve um susto e quase não acreditou: o reflexo da Lua nas águas claras do lago a fizeram exultar de felicidade! Naiá, em sua inocência, pensou que a Lua tinha vindo se banhar no lago e permitir que fosse tocada.
Finalmente estava ali, bem próxima de suas mãos. Naiá não teve dúvidas: mergulhou nas águas profundas, mas acabou se afogando. Jaci, vendo o sacrifício da índia, resolveu transformá-la numa estrela incomum.
O Destino de Naiá não estava no céu, mas nas águas a refletir o clarão do luar. Jaci transformou-a na Vitória Régia, que sempre dança com as estrelas e com a lua, quando os lagos refletem o céu em todo o seu esplendor.